Mutirão: forma de ajuda mútua no meio rural

Muito embora não se disponha de informações concludentes sobre a escala em que as mulheres participam dos trabalhos agrícolas em regime de ajuda mútua, nas diversas zonas do país, parece que o concurso do elemento feminino é principalmente indireto e, só em determinados casos e circunstâncias, direto. No mutirão, mais do que nas atividades habituais da família camponesa, acentua-se o aspecto da divisão do trabalho entre os sexos. Dada a inferioridade relativa do rendimento do trabalho da mulher e a sua inaptidão física para certos labores, como, por exemplo, brocas e derrubadas, cabe ao homem a parte mais árdua nessas tarefas.

Mas, ainda que a natureza de certas atividades permita a participação da mulher na faina coletiva, o trabalho que naturalmente lhe está reservado é o de preparar alimentos para os participantes do mutirão. Assim, simultaneamente com a labuta dos homens na roça, há o mutirão das mulheres em casa para execução de tarefas que, por sobejamente conhecidas, deixam de ser aqui descritas. Lado a lado às mulheres, na faina doméstica, os menores colaboram como lhes é possível no transporte d'água ou de lenha e em outros misteres.

Contudo, quando determinado serviço é extremamente urgente e demanda o máximo de emprego de mão de obra, as mulheres participam diretamente da tarefa agrícola, observando-se o princípio da divisão do trabalho em consonância com a tradição local.

Não obstante a ocorrência do fenômeno em um número restrito de zonas rurais, devem ser referidos os mutirões femininos, simultâneos ou não com a atividade dos homens na roça, para trabalhos domésticos de fiação e tecelagem.

Os cantos, nos ajuntamentos de pessoas para realização de trabalhos agrícolas, têm sido até hoje mais objeto de curiosidade do que propriamente de investigação.

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