plantio regular para o regime diário. Antes, no paleolítico e parte do epipaleolítico, não me foi possível convencer-me do homem vivendo nas árvores e devorando o que as árvores e arbustos dariam para sua fome. Na Idade do Ferro viviam os lotófagos, comedores de lotos, como os gigantes lastrígonos, alimentados pela carne humana. E assim os povos recenseados por Diodoro da Sicília, salientando a alimentação como característica do grupo humano, muito mais valiosa, cronologicamente, que a linguagem. O fagos em vez do fonos: ictiófagos, comedores de peixes; quelenófagos, de tartarugas; rizófagos, de raízes; hilófagos, de madeira; espermatófagos, de sementes; estrutófagos, de avestruzes; acridófagos, de gafanhotos; cinamenos ou cinamolgos, amamentados pelas cadelas (Diodoro, III).
Do pré-chelense ao aurinhacense, num voo de mais de meio milhão de anos, não há homens e sim infra-homens. O Homo sapiens do aurinhacense, o de Cro-Magnon, teve alimentação de carne, assando-a, abatendo caça diária. Antes dele todos os depósitos encontrados e estudados pelos arqueólogos evidenciam o vasto material lítico para as atividades cinegéticas. O homem de Neanderthal, espalhado pelo mundo, tem fama de ter sido antropófago, a deduzir-se pelos achados osteológicos de Krapina, na Croácia. Na mais recuada noite pré-histórica há vestígios de fogo utilizado para assar caça. E aquecer-se. Mas no pré-chelense, chelense, acheulense, estava o habitante na terceira interglaciação, o Riss-Wurn, permitindo temperatura cálida e mesmo tropical. O fogo não seria, exclusivamente, para o aquecimento, porque não havia necessidade absoluta dele. Mas afugentava as feras. Verdade é que não há notícia certa de grupo humano sem haver lume. Não há documento do fogo junto ao Pitecanthropus erectus mas o Sinanthropus pekinensis, seu primo, conhecia e usava de fogo. E comia carne assada. Não há provas do período vegetariano do homem pré-histórico(2) Nota do Autor. A presença do lume e os resíduos de alimentação carnívora afastam indiscutivelmente a fase exclusiva de raízes e frutos. Deve ter sido, como continua sendo, elemento subsidiário e não determinante e único da dieta. Não há, em nenhuma fonte arqueológica, época em que o infra-homem do chelense ao musteriano não houvesse trabalhado e empregado pedras, tecnicamente dispostas para abater animais e não para derrubar frutos. Os antropologistas mais informadores e recentes decidem que in