História da alimentação no Brasil – 1º volume: cardápio indígena, dieta africana, ementa portuguesa

nessun luogo della terra si sono trovati popoli esclusivamente raccoglitori o collettori, talqualmente disse Renato Biasutti.(3) Nota do Autor

A carne era assada na chama ou sobre carvões. Carne cozida coincidiria com a cerâmica. Plena agricultura. Mas não é impossível que antes houvesse carne cozida em cestos de malha cerrada, como faziam os indígenas da Califórnia, Arizona e Colúmbia Britânica. Ou vasos de couro. Apenas não há sinal desse vasilhame até a manhã neolítica.

A renúncia da alimentação de carne verifica-se como cerimônia religiosa nos povos que a tinham habitualmente na ementa. Na Grécia oferecia-se anualmente um banquete aos Dióscuros, Cástor e Pólux, que constava de queijo, bolo de trigo ou cevada, azeitonas amadurecidas na própria árvore, e peras, recordação da antiga maneira de alimentar-se na fase mítica. O bolo e o queijo denunciavam cultura adiantada e a escolha por predileção e não necessidade. Se já no paleolítico inferior a criatura matava o animal, assava a carne e ainda partia os ossos longos e o crânio para extrair a medula e o cérebro, não sei onde situar a fase da colheita dos frutos e arrancamento de raízes como estágio normal de alimentação. Seria em época coetânea a qualquer pitecus saltador de galhos, na naturalidade da marcha quadrúmana.

As raízes, vagens e frutos que conhecemos e alimentam o homem são resultados do desdobramento seletivo já no período proto-histórico em diante. Os frutos secos, glandes de carvalho e pinheiro(4) Nota do Autor, constituiriam forma habitual de alimento, mas não em caráter exclusivo mesmo nos castros e citânias. Era na Idade do Ferro e os regimes variavam. A predominância vegetal na dieta humana afirma-se pelo conhecimento da horticultura, melhoria das espécies, expressando um domínio seguro sobre a própria genética. O homem modificava a planta, multiplicando-lhe a substância comestível.

A frugalidade "primitiva" refere-se a essa época, esvoaçando no tempo e sem possibilidade de fixação indiscutida. Encontramos sempre em Homero, Ilíada e Odisseia, carne de carneiro e de porco, assada no espeto, raramente peixe. Ausência de frutas e de carnes cozidas. É registo de dez séculos antes de Cristo nascer em Belém da Galileia.

A velha pergunta se o homem comeu carne crua parece ser respondida de que o faria querendo, porque sempre podia obter fogo para assá-la. A carne crua foi e é alimento ocasional,

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