Mocidade e Exílio (cartas inéditas)

ao estudo de um problema que eu não supusera nem mesmo existir, e que me apaixonou como poucos o fizeram.

Não creio ter traído ao espírito quando após repudiar sinceramente ao liberalismo, recompuz lentamente a admiração da minha infância. Ela está agora apoiada nos fundamentos que tentarei resumir e aquecida por um sentimento que se retemperou com o achado dos documentos que se seguem, encontrados esparsos no arquivo de minha família que felizmente foi preservado quase intato, por quatro gerações.

Ruy Barbosa representou no Brasil o apogeu da mentalidade liberal. E quando o liberalismo começou ceder no embate de ideias em que está destinado a perecer, não faltou quem predissesse o declínio de seu prestígio do nosso céu intelectual.

Na verdade, entretanto seu nome está cercado de um halo de natureza diversa dos que costumam envolver a glória dos doutrinadores. Os funerais da doutrina parecem nada terem para ver com a imortalidade do apóstolo. Há qualquer coisa na sua obra acima da sua época e de seu partido; que orientou a sua inteligência e que a fez — envolvida na atmosfera respirada nas academias e absorvidas em suas primeiras leituras — tocar os pontos mais sensíveis da nossa alma.

Por isso, os estudos ruísticos continuam em ordem do dia e nada faz prever a diminuição. Antes o interesse por eles se aviva, em surpreendente contraste com tudo quanto se afirma do malogro da sua obra.