Mocidade e Exílio (cartas inéditas)

Do acervo descontínuo de sua imensa produção já se tem dito que encerra todas as opiniões concebíveis, permitindo a qualquer pesquisador paciente encontrar o trecho favorável ou infenso à ideia para expor. A acusação é inepta. Contra ela brada uma realidade viva e ainda próxima, de nós que é a história da república. Ruy encarnou entre nós de maneira tão forte quanto brilhante, o liberalismo democrático no seu sentido mais lato. Todas as variantes, às quais nenhum político escapou, passaram-se dentro desse quadro. O crédo político, como base doutrinária, a constituição de 24 de Fevereiro e as plataformas políticas como programas de ação, são traçados com o mesmo compasso. Ruy recuou, aqui e ali, de excessos de mocidade; avançou mais adiante, com a experiência da idade; mas permaneceu fiel em toda a jornada aos sagrados princípios em que vasou os primeiros discursos políticos. Mostrou-se indiferente às formas de governo, na carta ao Conde de Afonso Celso. Mas as formas eram de importância secundária para a maior parte dos doutrinadores de sua escola. Renunciou ao maçonismo do \"Papa e o Concílio\" mas a sua discutida conversão religiosa processou-se dentro do mais ortodoxo liberalismo, e para admitir o ensino religioso e defender a embaixada no Vaticano, jamais abjurou dos mestres da democracia, antes, pelo contrário, argumentou com o exemplo dos Estados Unidos. O fato de ter mostrado simpatias pelo parlamentarismo após ter sido o implantador de presidencialismo, não me parece ter a significação que se