Mocidade e Exílio (cartas inéditas)

BUENOS AIRES

1893

Buenos Aires, bordo do Magdalena, 19 de setembro, 93

Minha adorada Maria Augusta

Decididamente, minha Cota, não se morre de dor, desde que eu não morri ainda. Mas morrerei, ou enlouquecerei, se isto continua, e eu não posso ir reunir-me contigo, ou tu comigo. Não sei, não sei como ainda vivo! Mas esta vida, que eu levo, é atroz, é desesperadora: mata-me a fogo lento, sem um consolo. Quando Deus me acudirá? As lágrimas não me deixam escrever-te. Beijo o teu retrato, beijo o de João, lembro-me de nossas filhas e de Ruyzinho, e o pranto me sufoca. E estou te escrevendo doente, de cama, num beliche de vapor, sofrendo de uma moléstia insuportável, que nunca padeci e que me aparece agora, em consequência da vida de prisioneiro, da imobilidade, da alimentação irregular, do uso contínuo da roupa de pano, que me envolve, desde a triste noite, em que te deixei. E sozinho minha Cota, porque não tenho quem me entenda, e com quem desafogue! Quando Deus me valerá ? Que fiz eu, inocente, para merecer isto? Que fiz senão trabalhar pelo bem de meus