Mocidade e Exílio (cartas inéditas)

No caminho o carro teve de parar entre um batalhão que desfilava ao som da corneta. A noite, que tivemos, não te posso descrever. Em claro e em pé toda ela, com os dois companheiros que nos aguardavam, um dos quais, o ex-secretário da legação chilena (nota bem: não o atual, mas o antigo secretário) (1)Nota do Prefaciador me acompanhou até à bordo do paquete, prometendo-me, na despedida, visitar-te, e levar-te notícias minhas. A cada passo trotavam à nossa porta patrulhas de cavalaria, e rumores suspeitos sobressaltavam o dono da casa. Uma vez tivemos anúncio de que a polícia, com um piquete, procedia a uma busca em um trapiche vizinho. Parecia fora de dúvida que nos tinham seguido a pista. Fomos apressadamente escondidos, num lugar indescrítivel, entre fardos de farinha e farelo, onde aguardamos longo tempo o desenlace. Afinal pudemos safar-nos do terrível esconderijo, e continuamos a esperar o dia. Apenas este raiou, puseram-se em campo os nossos dois solícitos benfeitores, e, a poder de engenho e astúcia, multiplicados pela caridosa intenção que os animava, levaram-nos a cabo a evasão. Às 6 1/2 da manhã deixávamos a ponte, conduzidos por um bote de um remador, eu com o