que me tem condenado o meu longo silêncio, silêncio talvez imperdoável, que eu deploro amargamente, mas cuja causa não é outra senão a mortificação do espírito em que me tem trazido a implacável doença que há mais de um ano me persegue.
Não é desculpa; é a verdade que lhe digo com o coração nas mãos. Imagine o meu desalento, quase desespero em que vivo ao ver malograrem-se invariavelmente todas as tentativas de cura que se têm empregado, a despeito da imensa resignação com que me tenho submetido aos mais difíceis tratamentos. Deseja o Primo saber qual o emprego ou gênero de vida que já adotei, e eu não lhe posso responder senão que — nenhum! — porque a moléstia não mo tem consentido. Calcule por aqui a aflição com que me acabrunha esta insuportável inércia. Imagine o sofrimento em que vivo, com a idade que tenho, com o brio que Deus me deu e com a sede de trabalho que de dia para dia sinto crescer dentro de mim. Para mostrar-lhe a incredulidade com que já encaro todas as esperanças de cura, e o horror que me causa a vida de ocioso e parasita, julgo suficiente dizer-lhe que estou resolvido, apesar da doença, a começar a minha advocacia no princípio de setembro. Eis aqui, meu Primo, as minhas circunstâncias atuais: ora, à