os clássicos que na bitola do latim literário se encontrava a índole da língua falada na terra de Portugal. (6)Nota do Autor A gramática portuguesa corrompeu-se também, tornando-se um eco da gramática latina.
Pelas páginas das letras latinas, compuseram e afeiçoaram as páginas quinhentistas.
Ao espelho dos clássicos latinos debuxaram os portugueses as telas da sua escrita. A verdadeira linguagem lusitana foi abandonada. A aristocracia intelectual não descia a considerá-lo único na vida das literaturas. Igual fenômeno se processou em França, onde, no mesmo século XVI, os maiores escritores lavraram uma linguagem toda feita da cópia dos clássicos de Roma. A reação, porém, que se fez no século XVII determinou que se abandonasse tal rumo. E a língua francesa autêntica retomou, em grande parte, o curso natural.
Em Portugal, porém, apesar de se haver formado uma corrente contra o que chamaram "traição à língua pátria", o movimento de restauração da linguagem portuguesa genuína foi despedaçado pela torrente do latim literário que a senhoreou inteiramente.
Em nossa maneira de pensar, não condenamos os clássicos por haver buscado ao latim os elementos para a escrita portuguesa.
Tudo o que dissemos tem em vista, apenas, mostrar a fragilidade dos argumentos daqueles que sonham com uma pureza de linguagem que os clássicos nunca tiveram.
Achamos que a eles deve a língua um desenvolvimento que, de outra forma, não teria alcançado naturalmente no mesmo lapso de tempo.