Língua brasileira

[Ver ilustração no original.]

A separação dos dois idiomas é a forma tangível do fenômeno, mas não o explica. Sem dúvida, este facto linguístico não se teria diferenciado sem a diversidade dos lugares, por menor que seja; mas por si só, o afastamento não cria as diferenças. Pela mesma razão que se não pode julgar um volume por uma face, mas unicamente com auxílio de uma terceira dimensão, a altura, assim também o esquema da diferença geográfica só é completo quando projetado no tempo.

Objetar-se-á que as diversidades do meio, de clima, de configuração do solo, os hábitos especiais (um povo montanhês e uma população litorânea, por exemplo) podem influir na língua e que, neste caso, as variações estudadas aqui seriam condicionadas geograficamente. Estas influências são contestáveis: fossem demonstradas, seria ainda preciso praticar uma distinção. A direção do movimento é atribuível ao meio; é determinada por imponderáveis atuando em cada caso sem que se possa demonstrá-los nem descrevê-los. Um "u" torna-se "ü" em dado momento, em dado meio; porque mudou nesse momento e nesse lugar, e porque se tornou "ü", e não "o", por exemplo? Eis o que se não poderia dizer. Mas a mudança mesma, abstração feita da direção especial e das manifestações particulares, numa palavra, a instabilidade da língua, é obra do tempo. A diversidade geográfica é um aspecto secundário do fenômeno geral. A unidade dos idiomas aparentados só se encontra no tempo. É um princípio do qual o comparatista deve imbuir-se para não ser vítima de deploráveis illusões".(2)Nota do Autor

A evolução das línguas pode realizar-se na continuidade de um território e em territórios separados.

Vejamos o primeiro caso.

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