"Seja agora um país unilíngue, isto é, onde se fale uniformemente a mesma língua, e cuja população é fixa. Que irá acontecer?
1.° A imobilidade absoluta não existindo em matéria de linguagem, ao cabo de certo lapso de tempo, a língua não será mais idêntica a si própria.
2.° A evolução não será uniforme por toda a superfície do território, mas variará, segundo os lugares; jamais se verificou uma língua alterar-se do mesmo modo na totalidade do seu domínio.
"Como principia e se manifesta a diversidade que termina pela criação de formas dialetais de toda espécie? A cousa é menos simples do que parece à primeira vista. O fenômeno apresenta dois caracteres principais:
1.° A evolução toma a forma de inovações sucessivas e precisas, constituindo tantos atos parciais quanto pudermos enumerar, descrever e classificar, de acordo com a sua natureza (factos fonéticos, lexicológicos, morfológicos, sintáticos, etc.).
2.° Cada inovação que se realiza em determinada superfície tem a sua área distinta. Das duas, uma: ou a área de uma inovação cobre todo o território, e não cria nenhuma diferença dialetal (é o caso mais raro), ou, como acontece comumente, a formação só atinge uma porção do domínio, tendo cada facto dialetal a sua área especial. O que dizemos mais adiante acerca das alterações fonéticas deve ser aplicado a qualquer espécie de inovação. Se, por exemplo, uma parte do território apresenta a alteração de a em e, pode suceder que uma alteração de s em z se produza no mesmo território, mas em outros limites, e é a existência dessas áreas distintas que explica a diversidade dos falares sobre todos os pontos do domínio de uma língua, quando fica entregue a sua evolução natural. Essas áreas não podem ser previstas; nada permite determinar-lhes de antemão a extensão, devemos limitar-nos a verificá-las. Superpostas