A discontinuidade não é sempre efeito da colonização ou da conquista; pode produzir-se também por isolamento: o rumeno perdeu o contato com a massa latina, graças à interposição de populações eslavas. Em últimas análise, a causa pouco importa; a questão principal é saber se a separação desempenha papel na história das línguas e se produz outros efeitos, além dos que aparecem na continuidade.
Já antes, por melhor destacar a ação preponderante do factor tempo, imaginamos um idioma que evoluiria paralelamente em dois pontos sem extensão apreciável, duas ilhotas, por exemplo, onde é possível fazer abstração da propagação gradual. Mas desde que nos colocamos em dois territórios de certa superfície, esse fenômeno reaparece e produz diferenças dialetais, de maneira que o problema não se simplifica em grau algum, em virtude de domínios discontínuos. É preciso evitar atribuir à separação o que se pode explicar sem ela.
Foi o erro dos primeiros indo-europeanistas diante de uma grande família de línguas, tornadas muito diferentes umas das outras, não pensaram que isto poderia se ter produzido de outro modo que não por fracionamento geográfico. A imaginação representa mais facilmente línguas distintas em dois lugares separados, e para um observador superficial é a explicação necessária e suficiente da diferenciação. Não é somente isso: associava-se à noção de língua a de nacionalidade esta explicando aquela; assim se representavam os eslavos, os germanos, os celtas, etc., como tantos enxames saídos da mesma colmeia; esses povos, desligados por migração de tronco primitivo, teriam levado consigo o indo-europeu comum a tantos territórios diferentes.
Só muito tarde se percebeu esse erro; em 1877 unicamente, um trabalho de Johannes Schmidt: Die Verwandtschaftsverhaltnisse der Indogermanen, abriu os olhos dos linguistas, inaugurando a teoria da continuidade ou das ondas (Wellentheorie). Compreendeu-se que o fracionamento no mesmo lugar basta para explicar as relações recíprocas entre as línguas indo-europeias, sem que seja necessário admitir que