Língua brasileira

todo laço está virtualmente partido, a contar do momento da separação, enquanto na continuidade geográfica subsiste certa solidariedade até entre falares ligados por dialetos intermediários.

Assim, para apreciar os graus de parentesco entre as línguas, é indispensável proceder a uma distinção rigorosa entre a continuidade e o isolamento. Neste último caso ambos os idiomas conservam do seu passado comum certo número de traços testemunhando o parentesco; como, porém, cada qual evolveu de maneira independente, os caracteres novos surgidos de um lado não poderão ser encontrados no outro (excetuando o caso em que certos caracteres após a separação se encontram, por acaso, idênticos em ambos os idiomas). O que todavia é excluído em qualquer hipótese é a comunicação por contágio desses caracteres. De maneira geral, uma língua que evolveu na discontinuidade geográfica apresenta, em face das línguas parentes, um conjunto de traços que só pertencem a ela, e quando por sua vez esta língua se fragmenta, os diversos dialetos formados demonstram, com traços comuns, o parentesco mais estreito que os une entre si com exclusão dos dialetos do outro território. Formam realmente um ramo distinto destacado do tronco".(5)Nota do Autor (*)Nota do Autor

Outro aspecto de grande importância é o que diz respeito ao prazo necessário para a evolução, a alteração dos idiomas.

Uma das verdades positivas que a ciência apurou é que NÃO HÁ PRAZO PARA A TRANSFORMAÇÃO DAS LÍNGUAS. Nada mais relativo, mais flutuante e vago do que o lapso de tempo necessário para que um idioma se transforme. Nenhum princípio de linguística pode fixá-lo, ou sequer indicá-lo aproximadamente.

"Na prática", diz Saussure, "um estado de língua não é um ponto, mas um espaço de tempo, mais ou menos longo, durante o qual a soma das modificações sobrevindas é mínima. Pode ser de dez anos, uma geração, um século, e até mais.

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