Uma língua poderá mudar um nada durante um longo intervalo para sofrer em seguida transformações consideráveis em alguns anos. Duas línguas coexistindo num mesmo período, pode uma delas evolver muito e a outra quase nada".(6)Nota do Autor
Assim não basta, a priori, dizer que não há ainda tempo suficiente para uma diferença entre a língua portuguesa e a língua falada no Brasil. Forças internas ou externas podem ter atuado sobre a língua em Portugal e no Brasil depois do século XVI, determinando, indiferentemente, lá ou aqui, modificações lentas ou rápidas. Nada autoriza a traçar uma uniformidade no tempo entre ambas as evoluções. O que é imprescindível é o estudo científico do assunto. É verificar se existem ou não diferenças entre a língua falada em Portugal e a falada entre nós. Mas é precisamente isso o que nunca se faz. Assenta-se de entrada que não há diferenças, que não podem haver porque não há tempo. E mais que tudo, fechando os olhos à realidade linguística entre nós, invoca-se a escrita literária, artificial, por definição, copiada voluntariamente dos clássicos, ou das letras e da gramática portuguesa, para afirmar que não há diferenças suficientes entre as línguas faladas lá e aqui para caracterizar uma língua brasileira.
Houve, entretanto, entre os nossos filólogos, quem não desse às línguas longo tempo para a sua evolução, antes reconheceu que elas também em breve prazo se vão alterando com grande intensidade.
SILVA RAMOS, em página de crítica bem traçada, escreveu:
"As línguas evoluem com tal rapidez que dicionários e gramáticas só por acréscimos sucessivos lhes poderão registar o movimento".
"À proporção que os aditamentos aos dicionários nos vão instruindo sobre os novos vocábulos introduzidos na língua pelas recentes criações da atividade humana na ciência, na