E ao encerrar as páginas da Introdução do seu Tratado de Estilística, torna a insistir, salientando que A LÍNGUA DA CONVERSAÇÃO OU EXPRESSÃO FAMILIAR" não é um "modo de expressão ideal, uma língua deduzida, por abstrações, das tendências gerais da linguagem", mas "ao contrário, A REALIZAÇÃO concreta dessas tendências, A ÚNICA LÍNGUA REAL E VIVA QUE EXISTE".(10)Nota do Autor
Idêntico é o juízo de DAUZAT, na sua Filosofia da Linguagem.
Comentando as vantagens que advieram da dialetologia para a linguística libertada por ela da filologia e da escravidão à gramática, escreveu que, além disso, "ela afirmou, de novo, A PREEMINÊNCIA DA LINGUAGEM FALADA E VIVA, A ÚNICA QUE, AOS OLHOS DA CIÊNCIA, DEVE SER LEVADA EM CONTA".
"O papel dos literatos", diz ainda Dauzat, "é fazer arte, utilizando da melhor maneira a língua falada e viva da sua época, procedendo a uma selecção nas palavras e expressões, para adaptá-la de acordo com as suas concepções pessoais a uma finalidade estética. E aí está a razão por que os linguistas não poderiam tomar como tipo de um idioma a língua dos literatos, que é necessariamente individual e - cientificamente falando - até certo ponto artificial".(11)Nota do Autor
Assim, traçando, numa página, os princípios da linguística, escreve ele estas palavras, repassadas do mais puro espírito científico:
"Dois princípios conexos dominam hoje a ciência da linguagem".
O papel do linguista é registrar os factos, não apreciá-los, e ainda menos procurar exercer influência sobre eles.
Uma língua está em perpétua evolução, muda constantemente, e não se fixa em momento algum da sua história.
Os antigos gramáticos pretendiam, sem cessar, governar ou "corrigir" a linguagem com o fito de aperfeiçoá-la. Os