língua falada, em cujas expressões reconhecia a suprema autoridade, a norma soberana nas questões de linguagem.
"O maior de todos os erros em matéria de escrever", dizia ele, "é pensar que não é preciso escrever como falamos".
SAINTE-BEUVE, comentando-lhe a doutrina, pergunta qual seria o processo para aplicá-la, o critério para julgar do acerto no falar e pautar a língua escrita? E responde: Quando a dúvida de uma expressão lhe salteava o espírito, o princípio geral para resolvê-la era: "É melhor de ordinário consultar as mulheres e aqueles que não estudaram do que estes que são bons sabedores da língua grega e da latina. "Imitava ele nisto a Cícero, que nas suas dúvidas de linguagem, consultava de preferência sua mulher e sua filha, em lugar de Hortensius e outros sábios".(14)Nota do Autor
ROUSSEAU, no Ensaio acerca da Origem das Línguas, havia feito o reparo curioso de que longe da escrita fixar a língua "é precisamente o que altera; não muda as palavras, mas o gênio". E acrescentava: "Não é possível que uma língua que se escreve conserve muito tempo a vivacidade da que é apenas falada".(15)Nota do Autor
No seu estudo Le Latin Mystique, tratando RÉMY DE GOURMONT da língua francesa em nossos dias e comentando "a profunda diferença" existente "entre a língua falada e a língua escrita", perguntava: "Qual delas é a principal? Como estas questões são sempre submetidas a letrados, estes não hesitam em responder que é a língua escrita e que não há outra digna do nome de francês. Do ponto de vista da filologia desembaraçada dos preconceitos literários, A LÍNGUA PRIMORDIAL É, AO CONTRÁRIO, A LÍNGUA FALADA, que, longe de ser uma degenerescência da língua escrita, é antes o reservatório, a fonte de juventa".(16)Nota do Autor
São estes os ensinamentos de alguns dos mais consagrados mestres da linguística, da crítica literária e do pensamento humano.