Neles está patente a supremacia da língua falada para a ciência da linguagem. É ela que constitui a essência do conceito de língua. A verdadeira natureza dos idiomas é através dela que se manifesta e nunca na escrita literária. Por ela é que devem ser medidas todas as línguas. É a única realmente viva. A língua literária não tem credenciais para servir de norma ou padrão. O tipo do idioma quem o define é a língua falada.
Que diversidade de doutrina entre a linguística e os nossos autores que sempre cuidaram ver na escrita literária o metron do idioma, as linhas mais fiéis do seu perfil!
Entre nós, um dos argumentos mais comumente invocados para negar a existência do dialeto brasileiro é o que se refere à sintaxe, a qual, para os nossos puristas, deve ser considerada unicamente na língua literária dos vernáculos portugueses. Para eles, a língua falada entre nós não tem o menor valor.
E pela maneira por que, em geral, argumentam, dão a entender que as cousas se passam como se a língua falada não tivesse a sua sintaxe.
Mas não é também assim que entende a ciência da linguagem.
Dir-se-ia que foi escrita para os nossos gramáticos a página de BALLY acerca do que acontece entre os franceses. Apenas em França, como não se escreve uma língua literária imitada de outro povo, tal como sucede entre nós, com os nossos puristas e gramáticos profissionais, a língua literária tem a sua gramática explicada pela gramática da língua falada.
Diz BALLY: "Espantoso seria que a língua falada não tivesse processos sintáticos particulares; e é o caso; mas esta sintaxe, muito especial, é também menos conhecida do que deveria ser. Se não se a estuda, é principalmente porque se a despreza; entrincheiram-se comumente atrás do preconceito da incorreção: como se houvesse incorreções para a