Língua brasileira

mas que a maior parte das alterações na língua são devidas a anônimos, isto é, a homens comuns, que não figuram nem na história nem na literatura, e até a crianças que não sabem ainda a primor a língua materna".(18)Nota do Autor

Vamos ver agora outro aspecto das línguas, aquele que BALLY chamou de língua comum, a expressão usual que se manifesta de modo mais eloquente na linguagem falada.

"Como, com que norma, medir esta estatística do emprego dos factos de linguagem? Onde encontrar o ponto, ou os pontos, de comparação sem os quais essas impressões vagas permanecem sem alcance?"

E pondera o autor as dificuldades que decorrem da variação dos "sentimentos linguísticos" de pessoa a pessoa, tendo em vista não só o que é propriamente individual, mas também o que deriva do meio, a ponto de escapar dessa maneira a qualquer tentativa de estudo.

Mas se desse ângulo é assim a perspectiva que se nos desenha, pôr outra face da realidade, a linguagem apresenta pontos seguros de referência com os quais se pode trabalhar, a fim de traçar o perfil da "expressão usual".

"Felizmente", diz ele, "há alguma cousa mais; há não só um fundo comum de vocabulário, mas também um conjunto de meios de expressão de todo gênero, sobre os quais todos estão de acordo sem o saber; este acordo tácito é a condição necessária para que se realize essa cousa maravilhosa, que é a comunicação do pensamento. Mas sobre que repousa este acordo? Qual é o tesouro comum, onde cada qual pode fazer provisão? Poder-se-á estudar este conjunto de expressões chamado língua usual?"

E responde, mostrando quais as condições em que uma expressão é usual:

"1) quando designa uma cousa ou uma ideia indissoluvelmente ligada à vida, considerada nos seus caracteres fundamentais, uniformes, constantes, ou nos seus caracteres sociais comuns a todo um grupo linguístico;

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