que podem ser surpreendidas na vida dos indivíduos e dos grupos restritos."(20)Nota do Autor
Acabamos de ver como considera a linguística a língua falada. Examinemos agora os conceitos de língua escrita e língua literária.
Entre nós, comumente, não se faz a necessária distinção entre uma e outra, antes são confundidas, identificadas. Mas os linguistas contemporâneos insistem, ao contrário, em demonstrar que elas não são uma só cousa e precisam-lhes os traços característicos, de maneira a estremá-las, com segurança, uma da outra. Habitualmente, pelo facto de que a língua literária é escrita, imaginou-se que a língua escrita é a mesma literária. Nada menos real e verdadeiro. Toda língua literária emprega a palavra escrita para as suas criações, mas a língua escrita, propriamente dita, não é idioma literário. A língua literária, que por sua vez constitui a escrita literária, não tem a naturalidade, a espontaneidade da língua escrita. É um idioma convencional e, até certo ponto, produto do artifício do escritor. A língua escrita não.
Numa palavra, a língua escrita é a que empregam todos os que, fazendo uso da palavra escrita, não fazem páginas de literatura.
"A língua escrita", diz BALLY, "deve ser nitidamente distinguida da língua literária; na verdade, se de um lado uma expressão literária pertence, por definição, à língua escrita considerada na sua mais lata extensão, não se segue necessariamente que uma expressão da língua escrita pertença à língua literária".(21)Nota do Autor
"A língua escrita" escreve ainda ele, "é tão familiar às pessoas de cultura média quanto o idioma falado, no sentido de que as cousas que lemos ou escrevemos podem parecer-nos tão naturais como o tom comum da conversação; e