todavia, analisada mais de perto, é outra língua, outra pelo vocabulário, outra pela sintaxe, pela construção e pelo próprio giro dado ao pensamento. Depois é preciso não confundir língua escrita e língua literária, sendo esta apenas uma variedade importante da primeira".(22)Nota do Autor
É a mesma a lição de VENDRYES.
"É preciso não confundir", diz ele, "língua escrita com língua literária. Embora ambas as noções algumas vezes se confundam, há casos em que se opõe e se contrariam. A língua escrita é muitas vezes a expressão da língua comum, enquanto que as línguas literárias se distinguem, o mais das vezes, desta última. Em muitos países os homens de letras, poetas ou contistas formavam uma casta à parte, tendo suas tradições, seus costumes e os seus privilégios; a sua língua tinha, pois, todos os caracteres de uma língua especial, exigia uma iniciação, impunha a aprendizagem de uma técnica. Acontecia até que o papel do poeta fosse meio religioso, e certas línguas literárias são ao mesmo tempo línguas religiosas.
"Mesmo fora de qualquer influência religiosa, constituíram-se em muitos países línguas literárias limitadas a certos empregos determinados. A língua da epopeia na Grécia é um tipo dessas línguas literárias especiais, formadas pelos trabalhos dos poetas e fixadas uma vez por todas. Quem quer que na Grécia embocasse a tuba épica insuflava-lhe uma linguagem que não correspondia à nenhuma língua falada".(24)Nota do Autor
Se do ponto de vista da arte literária ou do dogmatismo gramatical, a língua dos letrados é considerada como o idioma na sua mais alta expressão, "do ponto de vista da linguística, da ciência da linguagem, não é esse dialeto artístico que constitui verdadeiramente a língua de um povo".(*)Nota do Autor
É expressivo o facto, tantas vezes apontado, da diversidade de linguagem, empregada por um escritor, consoante escreva uma simples carta, ou trace uma página literária.