"Nos idiomas modernos se vê comumente", escrevem GOW E REINACH, "que um dialeto, o da capital e da corte, acaba por lograr a supremacia e ser exclusivamente usado na boa literatura. Não ocorreu o mesmo na Grécia. As obras de Homero, de Safo e de Heródoto não eram menos estimadas em Atenas pelo facto de não estarem escritas em dialeto ático, e os poetas dramáticos de Atenas não desdenhavam tampouco de utilizar as formas dialéticas dóricas na poesia dos coros. O esplendor intelectual de Atenas deu ao dialeto ático, no século IV a de J. C., temporal supremacia; porém os alexandrinos do século seguinte se serviram já muito pouco dele, e alguns, como Teócrito, voltaram a escrever em dórico e em eólio. Por conseguinte, se necessita certo conhecimento dos diferentes dialetos para estudar a literatura grega em quase todas as épocas de sua história.
1.° O eólio é o dialeto de Alceu, de Safo e, em três idílios somente, de Teócrito. Encontram-se vários eolismos nas palavras do beócio que aparece nos Acarnânios de Aristófanes, e o mesmo dialeto deixou marca importante em Homero e em Píndaro. Dialetos eólios se falavam em Eólida (Ásia Menor), em Lesbos, na Tessália do Norte e na Beócia.
2.° O dórico é, em geral, o idioma de Píndaro e de Teócrito. O megariense dos Acarnânios de Aristófanes fala em dórico, e se encontram muitas palavras deste dialeto no final de Lisistracta, outra comédia de Aristófanes. Muitas formas dóricas se veem nos coros dos trágicos, sobretudo em Ésquilo. O dórico é também usado em alguns livros do matemático Arquimedes. Os dialetos desta classe eram falados em Corinto, em Megara, em Argos, em Lacônia, em muitas colônias da Sicília e da Magna Grécia (por exemplo, em Siracusa, em Tarento), em Bizâncio, Corfu, Cirene, em Creta e em outros lugares.
3.° O jônico se falava na maior parte das cidades gregas da costa ocidental da Ásia Menor e na maior parte das ilhas do mar Egeu. Divide-se-o o comumente em velho jônico ou dialeto épico (usado por Homero e Hesíodo, e que teve grande