Estudando os dialetos na sua celebrada obra A VIDA DA LINGUAGEM, escreveu ele estas palavras:
"Antes de encerrar este capítulo, devemos chamar a atenção para o valor diferente das palavras língua e dialeto nas suas relações mútuas. São elas dous nomes de uma só cousa, consoante nos colocarmos num ou noutro ponto de vista. Qualquer conjunto de expressões que serve de instrumento e de meio de comunicação do pensamento a uma sociedade, por mais limitada e humilde que seja, é uma língua, e ninguém dirá que um povo possui um dialeto, mas dir-se-á que possui uma língua.(*)Nota do Autor Por outro lado, não há uma língua no mundo que não possamos chamar, com propriedade, de dialeto, se a considerarmos como um conjunto de signos linguísticos, relativamente a outro conjunto. A ciência da linguagem tornou banal esta distinção; ensinou-nos que os signos empregados por qualquer homem para exprimir-se constituem a sua língua, mas que não há língua, por mais cultivada, que não seja um dialeto pertencente a certa classe e a certa localidade, grande ou pequena. O inglês escrito é uma das formas do inglês, do qual se servem as classes cultas para determinado fim e que tem caracteres dialéticos que o distinguem da linguagem falada pela mesma classe e mais ainda por outras classes ou seções da comunidade inglesa; cada qual destas formas tem o mesmo valor para o estudo comparado da linguagem que a forma chamada de superior. Mas, o inglês, o holandês, o sueco, etc. são dialetos da língua germânica, e esta, do mesmo modo que o francês, o irlandês, o boêmio e as outras são dialetos da grande família (indo-europeia) cujos limites traçamos. Esta é a significação da palavra na linguagem científica. Na linguagem popular,(*)Nota do Autor que é pouco exata, tentam-se fazer distinções de graus e de importância por meio destas mesmas palavras, e enquanto se reserva para a língua literária de um país o nome de língua, dá-se o nome de dialeto às formas inferiores. Para o uso comum, estas diferenças de