água escura, não movia galho nem folha. Voltando-nos admirados para nosso guia, explicou este que aqui apenas viviam infinitos jacarés e vorazes piranhas.

Enquanto comparávamos este lugar medonho ao lago infernal de Dante, muitos daqueles monstros escamosos, bufando e vomitando água, puseram fora as fauces; e acudiram-nos os versos do poeta:

Che sotto l'acqua ha gente que sospira

E fanno pullular quest'acqua al summo.

Quando em remanso afastado da ipoeira, atiramos um pano vermelho aos cardumes de peixes, pudemos apanhar dois deles que, iludidos pela cor, se tinham aferrado ao pano. A piranha é do tamanho de uma carpa e tem a boca cheia de dentes afiadíssimos.

Extremamente voraz e ávida de carne, reunida sempre em bandos numerosos, é um perigo, mesmo para os animais de maior porte.

Estes, quando atacados por um cardume de piranhas, vêm por um momento à tona berrando, e como cada peixe contenta-se com um só bocado, tornam-se imediammente vítimas de milhares de inimigos.