coexistir em harmonia. Além disso, a Corte no Rio é muito enfadonha e insignificante, comparada com as cortes da Europa"(17) Nota do Autor.
Os primeiros relatórios do conde de Eltz, que levara instruções para cooperar com os portugueses, dentro dos princípios políticos de Metternich, na solução dos principais problemas, revelaram que havia grandes descontentamentos causados pelos portugueses no Brasil. Os três maiores problemas em face da Corte portuguesa eram: 1) tensão com a Espanha acerca das colônias do Prata (um rompimento diplomático devia ser evitado a todo custo); 2) a volta de Dom João para Portugal e o estabelecimento de uma regência no Brasil; 3) a escravidão. O último item era o principal obstáculo no Brasil. A estrutura social e comercial do Brasil estava baseada na escravidão; a solução, portanto, desse problema não poderia ser encontrada com uma simples penada. A escravidão era o alicerce da monarquia, e, uma vez abolida, a monarquia imediatamente caiu.
O campeão do combate à escravidão no Brasil era a Inglaterra. No Congresso de Viena, em 1815, a França e a Inglaterra haviam pensado numa solução para a abolição do tráfico em todo o mundo. A declaração, então redigida, foi assinada pelo representante de Portugal que ajuntou algumas reservas. Portugal declarou-se pronto a abolir o tráfico de escravos dentro de oito anos se a Inglaterra estivesse disposta a anular o tratado de comércio de 1810 e indenizar Portugal de todos os navios negreiros capturados desde junho de 1814. Se a Inglaterra não aceitasse entrar nesse acordo, Portugal declararia a todas as outras potências que não faria a abolição da escravidão dentro de oito anos, mas a iria reduzindo gradualmente, na medida das possibilidades.