ilegalmente e em 1887 o representante da Áustria informou que 60 mil escravos haviam sido importados para o Brasil em 1836. Em sua opinião a redução do tráfico de escravos só seria possível se as grandes potências europeias pudessem controlá-lo por meio de patrulhas navais que deveriam pesquisar todos os navios de carga. Seria preciso que o tráfico ficasse menos vantajoso para que cessasse gradualmente(21) Nota do Autor.
A Áustria compreendeu claramente que o tráfico era uma necessidade física para o Brasil e conseguintemente nunca recorreu à pressão para apressar a abolição dos escravos. Daiser, encarregado de negócios no Brasil, expõe convincentemente as bases do tráfico de escravos no Brasil. Sua exposição pode ser considerada como a posição oficial do governo austríaco em relação ao tráfico:
"Não há trabalhadores suficientes no Brasil. Só há escravos para cultivar a terra, cujo produto constitui a maior riqueza do país. A Inglaterra quer abolir o tráfico de escravos, sob o fundamento que nenhuma nação civilizada pode aprová-lo. Mas no Brasil existe a escravidão e está algumas vezes identificada com a existência da nação. A abolição neste momento causaria a ruína da gente branca sem trazer felicidade aos pretos, que, sem exceção, são mais felizes aqui do que na própria pátria. A prova é que nenhum quer voltar à terra natal. A finalidade filantrópica não seria atingida e o comércio e a indústria ingleses perderiam imensamente se alguém levasse esta nação a essa miséria. Seria impossível pagar as grandes importações de produtos de países estrangeiros das quais a maior percentagem vem da Inglaterra. A maior parcela das dívidas públicas pertence à Inglaterra que perderia, assim, uma larga soma de capital. Na execução desse tratado, o governo inglês portou-se com pouca reflexão. Os brasileiros prometeram coisas que não podem cumprir e os ingleses aceitaram uma promessa que, é fácil prever, não pode ser mantida. O princípio da abolição dos escravos não é um erro e a emancipação dos escravos é incontestavelmente justa e moral, e deve, por consequência, ser adotada como um princípio de Estado; mas não pode ser posto em prática senão por meio de transições, isto é, progressivamente e tentando substituir os únicos trabalhadores existentes nesta terra por brancos livres, que só podem ser atraídos ao Brasil por um sistema de colonização que existe melhor em planos do que na prática. Os chamados colonos não passam de escravos