direto com o rei e o gabinete do Rio, que se tornou óbvio o verdadeiro motivo da oposição à ida do Príncipe Real para Lisboa: D. João pessoalmente não confiava no filho. Dois partidos se haviam formado pela intriga na Corte. Combatiam-se mutuamente e procuravam exercer influência decisiva sobre os membros da Família Real. O Príncipe Real de nenhum modo ocultava seu ódio aos cortesãos que cercavam o pai(26) Nota do Autor.
D. Leopoldina muito sofria por causa das desavenças entre pai e filho. O desapontamento transparece em suas cartas. Sentiu que a hostilidade crescia em torno dela. Estava convencida de que desconfiavam dela. Quando soube que suas cartas estavam sendo censuradas aborreceu-se(27) Nota do Autor. No entanto continuou a viver tão normalmente quanto possível, posto que fosse difícil comportar-se através dos fogos cruzados das intrigas. Chegou a confessar ao embaixador da Áustria uma vez:
"Deveis saber como é doloroso depois de ter sido tão feliz em casa, onde éramos tão dedicados um ao outro, achar-me aqui onde cada um está contra o outro, onde todos intrigam e todo o mundo briga. A gente se sente numa posição muito delicada ao encontrar-se a todo momento entre o pai e o filho"(28) Nota do Autor.
O embaixador austríaco, que após o casamento representava não somente o Estado Austríaco, mas se tornara um mediador de confiança entre as famílias Habsburgo e Bragança, sentiu uma indisposição íntima de D. João a mandar o Príncipe Real para Portugal. Aqui, igualmente, o rei empregou o seu velho sistema de dar tempo ao tempo, para resolver o problema enfadonho. Certas frases como: "Meu filho não pode ser mandado por que é ainda muito moço", ou "Não é hábito da Casa de Bragança enviar o Príncipe Real para longe da Corte", não conseguiam ocultar a incerteza interior do rei. Metternich conhecia a situação e deu instruções ao embaixador da Áustria para adiar por certo tempo a solução do caso(29) Nota do Autor.
Com referência a todas as outras questões, contudo, o rei revelou muito boa vontade em atender aos desejos cia Áustria. Numa ocasião, proibiu, por ordem régia, todas as sociedades