que a política perigosa de D. João estava a ponto de destruir a Casa de Bragança em ambos os continentes. Em junho de 1820 lorde Beresford apareceu no Rio para alertar a Corte dos riscos que corria. Informou que existia:
"(...) na Casa de Bragança uma extrema reserva, com um manto de mistério e completa inércia, enquanto em Portugal o povo procurava ativamente um meio de se livrar do rei"(34) Nota do Autor.
Em Conselho da Coroa Beresford pediu que ou voltasse o rei, ou enviasse o Príncipe Real a Portugal. O gabinete do Rio parecia então disposto a tomar uma decisão e a maioria dos seus membros votou no sentido da ida do Príncipe Real. Mas, entretanto, graves acontecimentos já se haviam dado em Portugal. Em 26 de agosto rompeu uma revolução no Porto, estando ausente Beresford. O movimento liberal em Lisboa juntou-se ao do Porto e a 18 de setembro a revolução dominou o país inteiro. As notícias paralisaram a Corte do Rio. O rei ficou inteiramente perplexo. A Inglaterra e a Áustria procuraram solucionar juntas a situação. Quando D. João VI soube do emprego de tropas austríacas para esmagar os distúrbios de Nápoles, tomou nova coragem. Mas o representante austríaco explicou que a Áustria jamais interviria em Portugal como o fizera em Nápoles. Entrementes a situação no Brasil também se tornara mais e mais crítica. Repousavam grandes esperanças na volta do mais capaz dos diplomatas portugueses, o conde de Palmela, que se esperava fosse suficientemente hábil para dominar a situação. A 23 de dezembro de 1820 chegou Palmela ao Rio, juntamente com o novo enviado austríaco nomeado, o barão de Stürmer. Mas outra vez o rei encontrou uma desculpa para novo adiamento da partida do Príncipe Real: a gravidez da princesa(35) Nota do Autor. A situação estava agora tão adiantada no mau caminho que nem mesmo Palmela poderia melhorar as condições. Havia resistência em toda parte. Era impossível manter governo absoluto em Portugal e governo constitucional no Brasil. No momento mais agudo da crise, o enviado da Áustria teve uma conversa dramática com o rei. O relatório foi elaborado sob a forma de um diálogo: