As relações entre a Áustria e o Brasil; 1815-1889

O rei: — Eu sei.

O enviado: — Eu vi como pensam na Bahia. Em Pernambuco é ainda pior.

O rei: — Entre os oficiais presos pelo general Rêgo há dois coronéis em que confiava muito.

O enviado: — Felizmente V. M. está acima da ingratidão.

O rei: — Quando aqui cheguei, somente meus criados me serviam. O senhor já pensou que aqui estive durante 13 anos?

O enviado: — Mas V. M. não perdeu o seu tempo. Está fundado um império que algum dia será um dos mais prósperos da terra.

O rei (iluminando-se. Eu tocara no seu ponto predileto): — É uma bela terra, não acha? (Falou durante algum tempo sobre a baia de Guanabara, a capacidade dos brasileiros, a riqueza da terra e várias outras qualidades do país.)

O enviado: — Compreendo que V. M. se entristeça em deixar este país.

O rei: — É verdade. (Depois ajuntou como para me sondar) Mas afinal, sou europeu. Nasci em Lisboa.

O enviado: — Mas o hábito de aqui morar por treze anos e o amor de um povo que deve tudo a V. M. são suficientes para fazerem com que V. M. esqueça Portugal. O Príncipe Real não está nas mesmas condições. É jovem e ansioso por servir a V. M. em qualquer hemisfério.

O rei (mudando de assunto): — Parece provável que teremos em poucos meses uma constituição como a espanhola, que o rei tenha de sancionar e na qual será pedida a volta do Príncipe Real. Esta terra, creio que seguirá o impulso de Portugal, se um bando de descontentes se aproveitar de uma oportunidade inesperada para levantar a bandeira da rebelião"(36) Nota do Autor.

O movimento revolucionário pôde seguir o seu curso e não foi surpresa que o movimento constitucionalista se fizesse ouvir afinal no Brasil. Um folheto cheio de acusações a Portugal e perguntando se o rei deveria permanecer no Brasil causou grande sensação(*) Nota do Tradutor. A fim de enfraquecer a impressão

As relações entre a Áustria e o Brasil; 1815-1889 - Página 33 - Thumb Visualização
Formato
Texto