a bel-prazer do patrimônio e dos destinos dos mais fracos. E se estes ainda não foram absorvidos inteiramente pelas grandes potências é pelo medo que umas têm das outras e não por falta de voracidade e rapacidade.
É a política truculenta e rasteira da força bruta sustentada pelos grandes exércitos, pelas poderosas marinhas de guerra, pelas formidáveis aviações, pela infâmia dos gases deletérios, num infernal emprego de variadíssimos engenhos de aniquilamento e destruição.
E a isso chamam civilização e se dizem civilizados, os mais civilizados do globo.....
Os selvagens antropófagos na sua inexcedível ignorância são menos ferozes, menos desumanos que os doutores de todas as escolas, de todas as academias, de todas as universidades. Estes estudam, aprendem, descobrem, inventam, para matar e destruir, por prazer, por egoísmo, por vilania. Aqueles matam por ignorância e para saciar a fome. O selvagem é menos indecente, mais desculpável.
Alegam os interessados que a crise de 1930 proveio de um excesso de civilização como se fosse possível a homens inteligentes conceberem tal heresia. Isso equivale a dizer que o bem é o mal, a ordem a desordem, o progresso o atraso, a luz a treva, o conforto o desconforto.
Civilização é bem, é ordem, progresso, luz, conforto.
Dizer que há excesso de civilização é reconhecer o absurdo de que há excesso de bens, de ordem, progresso, luz, conforto. Civilização é perfeição e o mais que perfeito não existe. Logo não existe nem poderá existir excesso de civilização.
Esta não é um fenômeno desta ou daquela profissão, desta ou daquela arte, desta ou daquela ciência.