As forças armadas e o destino histórico nacional

CAPÍTULO III

O BRASIL E A DISCIPLINA

D. José I de Portugal reinou de 1750 a 1777. Teve ele a clarividência de escolher para ministro Sebastião José de Carvalho e Mello, depois Marquês de Pombal, eminente estadista de rara envergadura moral, que muito ilustrou o governo e muito se interessou pelos negócios da colônia portuguesa na América.

Morto D. José I, sucedeu-lhe no trono sua filha D. Maria I. Católica fanática e inimiga irreconciliável de Pombal, iniciou o seu governo por uma atroz perseguição a este e pelo aniquilamento das suas grandes obras liberais, fazendo Portugal regressar ao regime anterior de parasitismo e decadência.

Declarada demente em 1792, assumiu a regência em 10 de fevereiro desse ano seu filho D. João, que em 20 de março de 1816 subiu ao trono com o nume de D. João VI por morte de sua mãe. Sem a educação e o preparo necessários à difícil missão de rei absoluto, fraco e irresoluto, pusilânime, sob o ponto de vista da mediocridade era o que se podia chamar uma "edição correta e aumentada" de Luiz XVI. Casado com a princesa espanhola D. Carlota Joaquina, mulher de baixos instintos, leviana e devassa, que chegou a conspirar contra o marido auxiliada pelos fidalgos e clérigos que formavam o seu séquito (1805), tornou-se o rei mais incapaz de governar, corroido pelo desânimo e pela indiferença, sem lampejos de energia para reagir. Bondoso por temperamento, nunca praticou vinganças, jamais efetuou perseguições. Era por tudo isso passível de piedade e quase de comiseração.