A instrução e o Império - 2º vol.

à zoologia, à anatomia comparada, à botânica, à física, à química; o ensino é feito pelos livros, em vez do se dar pelos fatos. Além disto, enquanto o preconceito contra o trabalho manual existir no Brasil, o ensino se fará mal; enquanto os que estudam a natureza acharem indigno de gentleman levar a mão a um especimen ou a um martelo de geólogo, de fazer do mesmo as suas próprias preparações, não serão senão amadores diante de investigações científicas; poderão conhecer perfeitantente os fatos relatados por outrem, mas não farão investigações originais. É por esta razão, e também por indolência pessoal que os brasileiros ficam estranhos aos estudos sobre o terreno. Cercados, como são, de uma natureza rica acima de toda expressão, os seus naturalistas fazem teoria e não prática; sabem muito nisto da bibliografia científica estrangeira do que a flora e a fauna maravilhosas que os cercam.

Eu posso julgar melhor as escolas e colégios do Rio de Janeiro do que as que acima referi. Muitos destes estabelecimentos são excelentes. A Escola Central merece unta nota especial. Ela corresponde à "Scintific School" dos Estados Unidos, e em nenhuma parte no Brasil, vi um estabelecimento de instrução onde os métodos aperfeiçoados sejam tão altamente apreciados, tão geralmente adotados. Os cursos de matemáticas, de química, de física, de ciências naturais são extensos e seriamente feitos; mas mesmo neste estabelecimento notei a mesquinharia dos meios de demonstração prática e experimental; os professores não me parecem ter suficientemente copreendido que as ciências físicas não se ensinam unicamente ou principalmente com manuais. As facilidades concedidas aos alunos, nesta escola, e mais ainda na Escola militar, são muito grandes; o ensino é inteiramente gratuito; e mesmo na Escola militar, os estudantes são não somente alimentados, vestidos, etc., mas recebem um soldo, sendo considerados como pertencentes ao exército desde o dia de sua admissão."

EDUCAÇÃO DAS MULHERES. "Em geral, no Brasil, não pensam na educação das mulheres; o nível do ensino dado nas escolas femininas é muito pouco elevado; mesmo nos pensionatos frequentados por crianças da classe abastada, todos os mestres queixam-se que lhes retiram as suas disciplinas justo na idade em que a inteligência começa a desenvolver-se; aos 13 ou 14 anos de idade consideram-nas com os estudos concluídos. O casamento as espreita e não demora em tomá-las. Naturalmente há exceções. Alguns pais mais prudentes prolongam o tempo do colégio ou fazem dar-lhes instrução em casa dos 17 aos 18 anos; outros mandam