seus filhos para o estrangeiro. Mas em regra, salvo uma ou duas matérias bem estudadas, o francês e a música, a educação das mulheres é pouco cuidada e o tom geral de sociedade ressente-se disto. Evidentemente há na sociedade brasileira mulheres cuja inteligência recebeu um alto grau de cultura; o meu conceito, entretanto, não é menos verdadeiro; são exceções estes casos. Não pode ser de outro modo com o sistema de educação atual, e as mulheres que as representam não sentem, senão mais amargamente a influência deste sistema sobre a situação que os costumes nacionais criam ao seu sexo. (Nota do sr. Felix Vogeli o tradutor da edição inglesa: "Pode-se dizer que a severidade deste juízo atinge tanto a França como o Brasil: são os nossos métodos e as nossas mestras, leigas ou religiosas, que têm, por assim dizer, o monopólio do ensino feminino no Rio de Janeiro).
"Com efeito, nunca conversei com algumss das senhoras brasileiras, mais particularmente conhecidas, sem receber delas confidências as mais tristes sobre a sua existência estreita e confinada. Não há no Brasil uma só mulher que, tendo refletido sobre este assunto, não se saiba condenada a uma vida de repressão e de constrangimento. Elas não podem transpor a porta de suas casas, senão em certas condições determinadas, sem provocar escândalo. A educação que se lhes dá, limitada a um conhecimento passavél da língua francesa e da música, as deixa na ignorância de grande número de questões gerais; o mundo do livro lhes é fechado, pois o número de obras portuguaas que lhes é permitido ler é muito reduzido, e o das obras escritas em outras línguas, que estão ao seu alcance, é ainda, menor. Elas sabem pouca cousa dae. história de seu país, quase nada das outras nações, e não parecem duvidar que possa haver uma outra fé religiosa que a que domina no Brasil; talvez nunca tivessem ouvido falar na "reforma". Elas mal imaginam que um oceano de pensamentos se agita fora do seu pequenino mundo e suscita constantemente novas fases na vida dos povos o dos indivíduos. Enfim, além do círculo estreito da, existência doméstica, não há mais nada para elas.
"Um dia, de visita a uma fazenda, via um livro sobre um canto do piano. Cousa tão rara nos aposentos de família provocou a minha curiosidade. Era um romance; quando o folheava, o dono da casa aparece e observou, em voz alta, que não era leitura própria para mulheres. Eis um livro que acabo do comprar para minha filha e minha mulher. Abri este precioso volume: era uma espécie de pequeno tratado de moral, cheio de banalidades sentimentais e de frases feitas onde dominava um tom de proteção o condescendência para a pobre inteligência feminina, pois as mulheres são, antes de tudo, as mães dos homens e exercem um