O Visconde de Sinimbu: sua vida e sua atuação na política nacional

literária, que se ceva em todos os gêneros e se compromete com todas as formas.

Aos amadores ou profissionais dessa espécie de letras chamou Nietzsche de vacas leiteiras da literatura. As boas letras de Craveiro Costa tiveram sempre uma inspiração necessária. Jamais escreveu uma página por simples desfastio ou mero diversório espiritual, para poder cantar como o rapsodo Vergiliano:

— Ó Melibeu, este ócio é dom divino!

Ele versava exclusivamente assuntos de utilidade, mediata ou imediata, sem fugir jamais ao imperativo material de orientar uma iniciativa, de dar o sentido de cousas ou de homens, contra a cavilação, contra a impostura, contra os ouropéis da história já feita ou para revelar os paradoxos da história desconhecida.

Foi assim que escreveu a reabilitação de Calabar; foi assim que escreveu a história didática de Alagoas, restabelecendo o materialismo histórico da emancipação, em vez da pecha sentimental de "galardão" ou de "felonia" que estava nos historiadores de além Ritter; foi assim que escreveu o fim da epopeia acreana, mostrando aos nossos olhos, assombrados pela diplomacia majestosa de Rio Branco, os entreveros homéricos da guerra guerreada. E não foi só a luta incruenta que descreveu, nos seringais sombrios, onde o braço do bugre e o fuzil do "cearense" resgataram, com o sangue e as vidas sacrificadas, o Estado Livre que ainda hoje reclama igualdade de direitos políticos: lá estavam os elementos primários da inspiração diplomática, os dados estatísticos, os gráficos da produção, os índices da riqueza do solo, pelos quais o gênio do grande Barão adivinhara o negócio da China que era a compra do território ao governo boliviano pelo milhão e meio de esterlinos que lhe demos.

Em 5 anos cobriu-se a soma do resgate, com um saldo superior a 23.000 contos de réis
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