de reconhecê-lo era, além de expor a bandeira brasileira a um insulto, provocar uma guerra que o governo imperial, por não preparado, desejava evitar. Sem o auxílio da eletricidade e do vapor, que são hoje poderosos auxiliares da diplomacia, eu me via obrigado a tomar uma deliberação arriscada debaixo da minha única responsabilidade. Inspirando-me no pensamento das minhas instruções e sobretudo nos sentimentos do meu patriotismo, não vacilei em tomá-la.
Era crença geral que, estabelecido o bloqueio, Montevidéu fatalmente sucumbiria. A contemplação desse quadro me causava horror. E quer o Senado saber porque? Eu lh'o direi. Sabia-se, senhores, que Rosas, com o fins de legitimar sua tirania no interior, sonhava glórias e conquistas no exterior: o restabelecimento das fronteiras do antigo vice-reinado de Buenos Aires era seu pensamento predileto, como ainda hoje sonho dourado de alguns insensatos.
Dominando na Banda Oriental com o mesmo despotismo com que governava a Confederação Argentina, sentindo necessidade de dar emprego às suas forças vitoriosas, sob pretexto de perseguir Frutuoso Rivera, se internaria na província do Rio Grande. Equivale isto a dizer que para o Brasil seria a repetição da guerra Cisplatina e de caráter ainda mais desastroso nas condiçães dos novos invasores. Eis aí, senhores, porque, quando ainda não achasse na região dos princípios os fundamentos para deixar de reconhecer o bloqueio, eu o teria desconhecido, pois não me achava com coragem bastante para considerar as consequências da hipótese que acima figurei. Mas se quereis evitar a guerra, como a