Varando afoitamente os sertões, passou-se a Pernambuco e pôde chegar ao Recife sem ser incomodado. Ocultou-se alguns dias para melhor estudar as possibilidades da execução do plano, assentando-o definitivamente. Agora era uma questão de oportunidade.
Virgilio Varzea descreve esse lance romanesco mais ou menos assim: Por uma noite tempestuosa realizou-se a fuga. O forte marulho das ondas de encontro aos arrecifes, o zunir do vento e o fragor das descargas elétricas favoreceram a empresa. Fez-se afoitamente o assalto e as grades da prisão foram arrebentadas. Vieira Dantas e Frederico atiraram-se corajosamente ao solo. Mas o caudilho quis trazer consigo um companheiro de infortunio, um padre, que se lhe afeiçoara. Ao medir a altura do salto o sacerdote apavorou-se. Foi preciso que lhe gritassem mais alto e mais forte que o fragor dos elementos desencadeados. Os gritos foram ouvidos pelas sentinelas. Houve um grande reboliço no forte. O preso, por fim, vencendo o medo, atirou-se também da janela. Saltaram todos aos cavalos e sairam a galope debaixo de uma saraivada de balas. Horas depois, estavam a salvo em abrigo seguro, previamente escolhido. Depois Vieira Dantas e seus filhos passaram aos sertões alagoanos, onde aguardaram tranquilamente o fim da trágica aventura patriótica. A esse tempo, restabelecida a ordem em Pernambuco e Alagoas, D. Ana Lins volveu à sua propriedade devastada. Os escravos andavam foragidos, os canaviais arrasados, o gado se dispersara... Coube-lhe, nessa dolorosa emergência, o rude encargo de restaurar a sua fazenda. Fez prodígios. Quando o marido livre, enfim, pela anistia regressou ao lar, o engenho, aos poucos, restabelecera a sua importância