Afora as catilinárias, aliás justas, dos viajantes ingleses contra essa imensa nódoa negra de nossa história, só em Martius e em De La Salle, comandante de la Bonite, encontramos referências mais precisas sobre a condição dos escravos, e que merecem ser transcritas.
Assim, diz Martius: \"As condições sociais desses escravos não são absolutamente tão tristes, como se pensa na Europa. Não sofrem falta de alimentação, vestem-se tanto quanto exige o clima e, raramente, são sobrecarregados de trabalhos. \"Goza o escravo, despreocupadamente, entre o trabalho e o descanso, de uma sorte, que é preferível, sob muitos pontos de vista, ao estado de inquietação anárquica e indigência, em que vive na sua pátria, aviltada pelos perversos artifícios dos europeus. Aqui ele goza a vida e, em geral, não é a escravidão que lhe tortura a alma, mas a separação dos parentes e o tratamento desumano, durante o transporte, horrores aos quais infelizmente sucumbe grande número destas infelizes vítimas.
\"Quem tiver ocasião de observar as modinhas e danças alegres, que são executadas, ao pôr do sol, nas ruas da Bahia, por grandes grupos de negros, elevando-se, muitas vezes, a um entusiasmo selvagem, pode dificilmente convencer‑se que sejam estes os mesmos