Visitantes do Primeiro Império

o aspecto de um salão faiscante de luzes. O Imperador, a Imperatriz e a princezita, colocados adiante do camarote, tinham os mesmos trajos que nos beija-mãos, e atrás estavam de pé umas vinte pessoas da casa de S. M., entre as quais me mostraram o confessor do príncipe. Em camarote pouco afastado estava a viscondessa de Santos, dama de honor da Imperatriz, que gozava então do mais alto favor perto de D. Pedro: favor que não podia agradecer a seus atrativos, por isso que ela nunca deve ter sido bonita e sua fisionomia brasileira nada tinha de gracioso. Não terminara ainda o bailado do segundo ato quando o príncipe se retirou, saudando o público, que se erguera ao mesmo tempo. Depois de sua partida, esperava-se ver continuar a peça; mas ao cabo de um quarto de hora de incerteza, o apagamento da ribalta deu o sinal de retirada, e a multidão se escoou sem o menor murmúrio, persuadida sem dúvida que tal era a vontade suprema. A bela algazarra que teriam feito em nosso país!

Mas o teatro, principalmente a ópera, era um divertimento para as classes mais abastadas, enquanto as festas de igreja constituíam o passatempo barato, oferecido gratuitamente a todos, e por isso mesmo, nessa época de folguedos escassos, contavam sempre com grande concorrência e entusiasmo. A própria missa dos