Visitantes do Primeiro Império

e a plateia, com variada multidão de homens de todas as cores e classes.

"Antes de começar a representação", diz Martius, "poderia a apreciação irônica do espectador ocupar-se com a pintura do pano de boca, achando no assunto da mesma uma alegoria desfavorável aos baianos. Um mulato de gigantesca estatura, empunhando na esquerda o caduceu de Mercúrio, está em atitude de importância, assentado sobre uma caixa de açúcar, com a destra estendida, apontando ao espectador admirado, a ofuscante riqueza de um dourado cofre aberto. A seus pés algumas crianças, representando os gênios, brincam com o globo e os emblemas de Minerva".

Os atores são péssimos como tais e um pouco melhores como cantores, mas a orquestra é muito tolerável, dizendo-a mesmo Martius, que é "bem ensaiada e executando com maestria as protofonias de Pleyel, Girowetz, Boyeldieu e Rossini, pois os brasileiros são todos músicos natos".

"Durante a representação", diz Maria Graham, "as senhoras e cavalheiros portugueses pareciam combinados em esquecer o palco e rir, comer bombons e beber café, como em casa. Quando os músicos, porém, começaram a tocar a ouverture do bailado, todos os olhares e vozes se dirigiram para o palco, reclamando