A Província - Estudo sobre a descentralização no Brasil

Guizot, entregou-se às colônias mesmas; a coroa e o parlamento não são a respeito delas mais que vigilantes cuja intervenção é limitada e rara. Demasiado intensa e pesada tornara-se a responsabilidade do poder; para desembaraçar-se dela, aceitou o poder a liberdade dos súditos. Um fato mais raro ainda consumou-se há pouco: a Inglaterra restituiu às Ilhas Jonias a sua completa independência, de que logo se prevaleceram para anexarem-se à Grécia. Em vão procuro na história outro exemplo de um grande estado renunciando assim a uma de suas possessões, livre e gratuitamente, sem necessidade imperiosa nem pressão estranha (57)Nota do Autor".

A política centralizadora da monarquia brasileira não contrasta, por ventura, com a política da coroa britânica relativamente a possessões espalhadas por todos os mares da terra, e que aliás não são, como as nossas províncias, partes integrantes de um só Estado?

Apreciai as vantagens incomparáveis da administração independente, das liberdades civis e políticas: com menos da metade da nossa população, o Canadá, essa terra hiperbórea da neve, dos lagos e rios gelados, tinha, há quatro anos, um movimento comercial igual ao nosso. As sete colônias da Austrália, a quem aliás se dão somente 2.000.000 de habitantes, mais favorecidas pela natureza, mas também muito mais distantes, já faziam em 1866 um comércio duplo do do Brasil, e seus governos já dispunham de rendas superiores às nossas, aplicando milhares de contos a estas duas grandes forças modernas, a estrada de ferro e a instrução popular. Pungente paralelo!

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