uma viagem ao Brasil para proceder in loco a mais outras pesquisas. Queria visitar os lugares que tinham estado sob o jugo da Holanda, adquirir o conhecimento da gente e da terra e ao mesmo tempo lançar os olhos sobre a literatura brasileira, só fragmentariamente existente na Alemanha. Esperava, igualmente, encontrar também nos arquivos do Brasil material manuscrito.
Pela segunda vez solicitei uma licença à Faculdade de Filosofia de Heidelberg e no princípio de junho de 1914 embarquei em Hamburgo. O meu primeiro destino foi o Rio de Janeiro. Durante cinco semanas cascavilhei os depósitos do Arquivo Nacional e da Biblioteca Nacional. Conquanto a esperança de descobrir peças originais desconhecidas se malograsse inteiramente, — quase nada se acha conservado nas coleções de manuscritos brasileiras, de cartas em original procedentes do período holandês — todavia o trabalho na Biblioteca Nacional foi produtivo de valiosos resultados. Com espanto observei ao compulsar as Revistas editadas pelos numerosos Institutos históricos do país, o interesse que os historiadores brasileiros da Invasão Holandesa do século XVII têm ligado ao assunto e ainda hoje ligam em intensificada escala; bem assim a quantidade de documentos do Brasil existentes no Arquivo Real de Haia que têm sido traduzidos para o português e publicados em folhas histórico-literárias.
Depois de curta permanência na Bahia e em Pernambuco, que cientificamente nada adiantou, e mais consistiu em percorrer a cidade e seus arrabaldes, tomei um vapor da linha da Mala Real em viagem de regresso à pátria, convencido de que o clima tropical não me fazia bem e inteiramente desapercebido da tempestade