Estudos Históricos e Políticos

O AMIGO

Quando amigo, a que extremos levava a dedicação!...

Aos que tiveram existência longa e afetos intensos, a vida traz a amargura das separações criadas pela morte. Duas delas magoaram indizivelmente a Capistrano: Domício da Gama e Mário de Alencar. Neste revivia José de Alencar, o primeiro amigo e o protetor que encontrara no Rio, ao chegar do Ceará. Pouco depois, outros dois golpes o feriram fundo.

Domingos Jaguaribe, afeição de meninice iniciada no Ceará, acabava de morrer. Comunicou-me a triste nova em carta repassada de saudade e de desalento: "Escrevo-lhe do quarto onde às 11 horas da noite deixou de existir o bom Jaguaribe. Ao chegar, achei-o bem disposto, esteve alegre no aniversário, que reuniu toda a família; dias depois começou a tossir; era a broncopneumonia que se manifestava. A ela sucumbiu. As relações de nossas famílias datam de quase cem anos. Eles são de Icó, nós de Sobral; Maranguape nos reuniu... Uma vez disse-lhe: "Vamos escolher dentre seus livros um, vamos revê-lo e emendá-lo: será sua mensagem."

Voltou de Santos acabrunhado e trôpego. A morte do amigo o envelhecera de dez anos.

Nova tristeza o aguardava. Martim Francisco seguira para a Europa. Lá enfermara gravemente, e Capistrano estava preocupado com a saúde do grande e digno descendente dos Andradas. Quis o grande ironista voltar ao Brasil para aqui morrer.

Vivia a blaterar contra nossos erros. Dizia descrer de nossa terra. Só falava em fins de nossa raça. Não queria ser nem brasileiro nem paulista. Havia, em tempos idos, preconisado a separação de São Paulo.

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