Estudos Históricos e Políticos

e seus subordinados imediatos. Já o fato se dera com o conselheiro Carlos Augusto de Carvalho. Renovou-se em 1903.

Os narradores da crônica íntima do Itamaraty talvez um dia forneçam detalhes de uma divergência, não de pessoas — que estas eram, de longa data, afetuosamente ligadas — mas de processo, de conceitos, de descortino político de visão das cousas americanas.

De há muito, era o benemérito visconde do Cabo Frio representante da tradição do velho ministério de Estrangeiros, com todo o largo prestígio decorrente do alto valor desse funcionário, de sua diuturna prática, durante meio século, quase, no meneio dos negócios internacionais; egéria verdadeira, e ministro de fato durante a fugaz estada dos numerosos transeuntes que atravessaram as salas do antigo Palacete da Glória, e, depois, as do Itamaraty.

Tinham, uma após outra, esvaecido essas sombras, e o venerando Joaquim Thomás do Amaral permanecera, levemente sarcástico, perspicaz, sem ilusões e profundamente dedicado ao serviço do ministério.

A um desses itinerantes, que, ao empossar-se, declarara ao ilustre diretor-geral ter por programa instituir novas regras para a política internacional do Brasil, e fazer tábula rasa das errôneas diretrizes anteriores, respondia sorridente e superiormente irônico o visconde: "Perfeitamente, excelência. Por onde começaremos a renovação?", e o deixava entregue a seus recursos próprios, sem poder deslindar as questões. Dias depois, solicitado seu concurso, trazia-lhe as soluções, traçadas, como cortês e perversamente fazia sentir, "na tradição invariável do ministério de Estrangeiros".

Essa a força, esse o ponto vulnerável do eminente homem público. Absorvente por índole, por método de

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