Nuvens espessas carregavam o horizonte internacional nessa região. Erguia-se, ali, a ameaça, possivelmente temerosa, de embaraços sérios, pela existência, no coração da América, de um sindicato anglo-americano, cujos interesses não seriam desamparados pelos Estados Unidos: o Bolivian Syndicate. A este a Bolívia concedera poderes equivalentes, quase, à cessão da própria soberania, e em uma zona litigiosa entre as duas nações.
Em hora de inspiração patriótica, exigiu o presidente Rodrigues Alves a colaboração em seu governo do egrégio ministro do Brasil junto ao Império alemão.
Constrangido a aceitar, desde logo se lhe evidenciou, como a todos os espíritos imparciais, que o problema internacional brasileiro era essencialmente, e acima de quaisquer considerações outras, político.
Cumpria restituir à nossa terra sua posição primitiva no conserto americano; fazer desaparecer a prevenção oriunda das desordens de sua política interna; torná-la fator indispensável da paz do continente; serenar o ambiente ameaçador já formado, e que já tinha feito correr sangue nas nascentes do Juruá e nos afluentes do Madeira; fechar seu perímetro divisório; reconquistar o prestígio combalido por dez anos de anarquia sempre renascente, de desmoronamento financeiro, de flutuação nos rumos seguidos.
Por esse preço tão somente poderíamos agir eficazmente, com serenidade e valia, em prol da paz sul-americana, em favor do desenvolvimento progressivo próprio e do alheio.
Pesar todos os seus esforços por fugir ao honroso chamado de Rodrigues Alves, assumiu Rio Branco, em 3 de dezembro de 1902, a gestão de sua pasta.
A vastidão do empreendimento era de natureza que inspirava hesitação aos anais afoitos. Maior responsabilidade