E, nessa acepção, é lícito duvidar que o nível moral de nossas manifestações de inteligência se equipare com sua valia científica, pois nem sempre existe sinceridade nos conceitos emitidos; falta-lhes ânimo verdadeiramente religioso, no sentido que definimos.

Nada estranhável, tal fato. Ainda estamos, em demasia, sob o influxo das propagandas, meramente egoístas. O dia da sinceridade absoluta virá, mas por enquanto só luziu para poucos espíritos privilegiados.

Mas virá. E então muito preconceito terá de desaparecer. A treva medieval não será mais do que uma lenda, criada pela incompreensão dos que confundem progresso moral com progresso material, que olvidam a preeminência necessária do primeiro e se esquecem que a Idade Média criou maravilhas de todo gênero, enriquecendo nosso patrimônio artístico e nossos conhecimentos gerais, além de conservar para a posteridade o grande legado de noções vindas da civilização greco-latina. Renascença e tempos modernos são filhos legítimos dessa época tão injustamente malsinada, com os acréscimos das investigações ampliadas dos dias que correm, mas bem-aparelhados para tais estudos.

Compreender-se-á que, na evolução dos tempos, ciências e esforços de que hoje tanto nos ufanamos e que contrapomos às lições do passado serão pelos vindouros igualmente acoimados de rudimentares.

MISSÃO DA HISTÓRIA

Missão da história é, precisamente, restabelecer os planos perspectivos, ajuizar fatos e apreciar homens de acordo com o momento em que surgiram. E é justamente por isso que, quando obra de leal e sincero amor à verdade, merece o belo nome de "mestra da vida".