Mas, trabalho de homens, destes depende. Preparo intrínseco, espírito crítico, influxo do meio e das doutrinas dominantes, modos divergentes de concepção do escopo, conceitos basilares, tudo, tudo varia. Consequência forçada, portanto, é a instabilidade no valor da faina correspondente, e também a irregularidade quantitativa de tais pesquisas.
Nenhum exemplo nos interessa mais diretamente do que o nosso próprio caso brasileiro.
Mencionemos de passagem os relatos do período colonial, muitos deles perdidos ou truncados, por mal nosso, como essas admiráveis narrativas de Pedro Taques. Gandavo, Gabriel Soares, frei Vicente do Salvador, Antonil, figuras de primeiro plano; mas tem numerosos companheiros mais modestos, e, juntos, permitiram-nos reconstituir o que foram os três séculos de administração metropolitana em terras da América.
Na fase em que o governo lusitano teve por sede o Rio de janeiro, os melhores elementos de estudo foram alienígenas, com Armitage à frente. Os portugueses deixaram os atos oficiais que os arquivos conservam, mas pouquíssimo escreveram. Elementos valiosos de observação e de crônica, as correspondências privadas parece haverem desaparecido: pouquíssimas sobreviveram, e em número escassíssimo puderam ser consultadas e aproveitadas.
Do primeiro Império e das regências temos apenas apontamentos fragmentários: atos do Executivo, páginas e documentos legislativos, jornais e panfletos, correspondências diplomáticas. Mesmo de tudo isso, faltam páginas insubstituíveis, as atas do primeiro conselho de Estado que se perderam com os chamados papéis de São Cristóvão, sacrificados na tormentosa odisseia consecutiva ao 7 de Abril. As próprias gestões diplomáticas originais