Estudos Históricos e Políticos

Em países como o nosso, em que não há escolas de crítica histórica, tais orientações comuns, tal convergência espontânea de métodos e de opiniões antes se afeiçoam e se manifestam em torno de culminâncias do pensamento nacional, casos em que o prestígio do mestre cria e forma discípulos.

Raros, raríssimos os exemplos em nossa relativamente escassa produção desse gênero. Talvez um e único só se possa citar: Capistrano de Abreu. E, ainda assim, não é fato intencional. Decorre de sua incalculável erudição, de seu senso agudo das realidades, de seu poder evocativo dos ambientes que se foram, de sua prodigiosa intuição. São predicados que se impõem por si, e com maioria de infuxo por se acharem ligados a uma assombrosa universalidade de conhecimentos, a um gênio prestativo que não sabe recusar conselhos e orientação a quem lhos pede, e que leva sua altruísta colaboração a ponto de tomar iniciativas por todos ignoradas. Que o digam quantos com ele aprenderam o respeito às fontes informadoras, a probidade científica mais severa, a análise dos documentos, os modos de pesquisar e de coordenar informes, a subordinação dos assuntos, o carinhoso trato das opiniões divergentes. Para este revê e corrige provas. A outros fornece cópias de manuscritos essenciais que mandou fazer para solver dúvidas do consulente. A terceiro remete seu parecer e seus estudos próprios, inéditos, facultando-lhe usá-los como quiser. Não exagera quem disser que rara será a obra histórica de valor, nestes últimos 30 anos, em que não figure a colaboração estreita e preciosíssima desse grande espírito generoso e sabedor. E nem sempre lhe citam o nome, nem ele o reclama. O velho conselho — cache ta vie et répands ta pensée — tem sido por ele seguido. Daí serem inúmeros seus discípulos: uns desvanecem-se de tanta honra;

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