Não é qualidade banal esta que salientamos. Entre tanto historiador ad probandum, de ideias preconcebidas e de mentalidade tendenciosa, o mérito apontado avulta. Quando ele diz ou afirma, tem-se certeza de que se esteia em fatos ou em opiniões existentes e reais, e não fantasiadas. Não é necessário verificar tais processos, como tantas vezes acontece com outros autores. Pode-se negar as consequências por ele deduzidas, mas isto é questão de opinião, de doutrina ou de visão pessoal; os alicerces materiais em que ele se fundou são sempre de primeira ordem e estão à vista, nem que se divirja do sentido em que foram aproveitados.

Não há quem, dedicando-se a investigações do passado, ignore a valia moral, a superioridade desse modo de agir, a par da raridade com que tal predicado se encontra.

Dobrado valor decorre do fato de ser Tobias Monteiro um pesquisador, de não poupar esforços nem sacrifícios para ir pessoalmente informar-se in situ, no Brasil e fora dele, além de mandar extrair nos arquivos estrangeiros cópias e resumos de quanto documento se relaciona ao assunto versado.

Teve ainda, por seu vasto círculo de amizades e simpatias, acesso fácil a coleções e a correspondências que ninguém, senão ele, compulsaria. Soube aproveitar com inteligência e discreta probidade esse formidável repositório de informações. Se, por vezes, tais cartas se revelam banais ou inferiores aos acontecimentos que narram, com frequência contém argumentos, aspectos, notas e comentários preciosos: os móveis reais e subalternos, aqueles que os atores dos fatos históricos não costumam trazer ao palco público e preferem conservar na penumbra. Em um caso, especialmente, conseguiu subsídio de valor sem par: o arquivo de Eu, onde se encontram quase todos os