brinde valiosíssimo e ansiosamente esperado, em face dos belos trabalhos com que iniciou a realização de seu vasto plano.
Mas a diretiva primordial agiu como coeficiente constante, afetando toda a atividade mental do historiador. Empreendido sob o signo inspirador da biografia, não podia o estudo deixar de sofrer o influxo preponderante da cogitação primeira. Daí o feitio misto do livro, ora biográfico, ora histórico, mas sempre interessantíssimo, repleto de erudição e de fina análise, e com inacreditável soma de material novo nem sequer suspeitado até hoje.
Insistamos nesse ponto, pois nenhuma injustiça maior se poderia cometer do que, a pretexto de predomínio do elemento individual na exposição dos sucessos, querer insinuar ou sugerir que Tobias Monteiro se não ocupou da Grande História, e só cuidou de anedotas. Dentro em pouco, salientaremos o muito que fez, e evidenciou, na solução de alguns dos mais intricados e desconhecidos problemas de nossos Anais. Em alguns casos, renovou as ideias aceitas entre nós, e que, entretanto, provou serem errôneas e substituiu por outras.
BANIMENTO DA VIDA INTERNACIONAL
Outro reparo que se poderia fazer é o banimento da vida internacional do quadro desse livro. Confessamos não atinar com razão da exclusiva lançada contra esse aspecto de nossa atividade nas primeiras décadas do século XIX. Ela motivou passos decisivos para o surto da nova nação: a transferência do governo da Europa para a América, a conquista da Guiana francesa, uma lenta mas constante invasão no vale platino, semente de dificuldades e de guerras que durariam decênios; gestões diplomáticas que firmaram orientações decisivas na política externa