Estudos Históricos e Políticos

do Brasil. Certo é que tais desenvolvimentos são posteriores à Independência, mas o ponto de partida foi o imperialismo joanino a se sobrepôr aos rumos legimistas de d. Carlota Joaquina e aos frutos da corrente emancipadora que sacudiu as colônias hispânicas a partir del año diez. Nem parece procedente alegar as divergências profundas entre o independentismo hispano-americano e o luso-americano. O próprio contraste entre ambos e seus consectários — calma no Brasil e efervescências nas antigas possessões castelhanas; Império a prolongar tradições e a salientar semelhanças de um lado, e Repúblicas tumultuárias a ostentarem violências que, na Europa, se tomariam por filhas de jacobinismo, liberalismo e maçonaria, terror e espantalho odiado da Santa Aliança — esse mesmo contraste serviu ao Brasil em sua atividade internacional: campeão contra a revolução no Novo Mundo, dizia defender e se gabava de legitimismo temperado.

A ausência desse elemento de mor importância na elaboração da Independência cria uma lacuna. Falta, por isto, certo equilíbrio ao edifício admirável da História do Império. É evidente que virá nos volumes seguintes, com brilho e a segurança de saber e de dizer do livro inicial. Mas chegará um pouco fora da hora, distanciado do período em que seu influxo começou a surgir. Tais notas marginais, que não chegam a ser restrições, não constituem absolutamente uma crítica. Evidenciam apenas divergências de métodos, de pontos de vista e de conceitos. Nem há nada mais natural: pouca probabilidade psicológica existe de escreverem livros idênticos, ou identicamente norteados, duas mentalidades vindas de pontos diferentes do horizonte, com características dissemelhantes, ilógico seria discutir cada qual, com seu aparelho crítico próprio, a obra feita pelo outro: levaria apenas à conclusão de que cada um tem individualidade autônoma. O

Estudos Históricos e Políticos - Página 43 - Thumb Visualização
Formato
Texto