Estudos Históricos e Políticos

Instantânea foi sua deliberação. Não voltaria ao Brasil, nem rumaria para a Madeira, como aconselhavam Antonio Telles, visconde de Resende, e Gameiro Pessoa, barão de Itabaiana. Iria para Londres, a fazer valer os direitos da vítima da ambição de d. Miguel. E partiu de Gibraltar no mesmo dia em que ali chegara.

O gesto do brasileiro salvou o governo legítimo de Portugal, manteve a Carta e resguardou a pessoa de d. Maria II. Quebrou a arma que Metternich queria brandir para forçar a reinstalação absolutista à beira do Tejo.

Em Londres, a opinião britânica era contrária a d. Miguel, protegia a pequena rainha traída, que o primeiro gentleman da Europa, o rei George IV, acolheu com as honras devidas aos soberanos.

Sozinho, por sua inteligência, seu tino de estadista, seu savoir faire de diplomata, Barbacena vencera Metternich, Wellington, Aberdeen, Carlota Joaquina, d. Miguel, Fernando VII e aos absolutistas do reino.

Ainda achara tempo para concluir o tratado matrimonial que fez de Amelia de Leuchtemberg a segunda imperatriz do Brasil. Novo triunfo sobre o chanceler austríaco, cujas manobras, compreensíveis do ponto de vista nacional e legitimista, haviam conseguido trazer a d. Pedro I o desar de oito recusas, inclusive a de uma princesa de Nápoles que não chegara a ser pedida.

Acrescente-se a tudo isso que, graças a seu esforço, o Brasil se armara e iniciara estaleiros; inaugurara navegação a vapor; firmara o seu crédito. No Conselho de Estado eram acatadíssimos os pareceres do marquês, que na guerra prestara os mais altos serviços; nas finanças se mostrara ministro capacíssimo. Sua visão política o levara a delinear e pôr em prática o regime constitucional representativo, que o imperador vivia a violar. Profetizara a abdicação forçada de d. Pedro.

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